Minhas lembranças na Sinagoga desde 1962

A ELEGÂNCIA DE SE RECONHECER JUDEU

Na minha chegada ao Brasil em 1962 com um livro de capa marrom chamado “le portugais sans peine” ou seja o portgues sem complicações, me perdi, e preferi aprender a me expressar de forma fonética tal como faria um recém nascido, pois o Brasil não é Portugal nem em português. O Brasil é múltiplo feito uma floresta cultural.. Antes de aterrisarmos no Rio de Janeiro, na passagem pela França e inglaterra prsenciei cenas de antissemitismo que não ofendeu, eu, um adolescente criado no ambiente afetuoso de forma quase incondicional..

Quando tive conversas duras com meu pai, logo em seguida ele me olhava de forma determinada e de um olhar doce me dizendo: “O que você pensa que quero para meu filho? Um REI, replicou, e sem sorrir porém com firmeza… Esta é a nossa formação desde tempos remotos, honraremos os nossos pais, pois eles sabem amar.

A DOCE INFÂNCIA

Quando me sinto rebaixado e ao me ver no espelho ao despertar, lembro desta expressão do meu pai. Hoje aos meu 76 anos, me faço elegante de alma e de intelecto e lembro das crianças, filhos ou netos com sua ingenuidade infantil. Desde que nascemos e que nos socializamos, somos assimilados a tudo e em qualquer território. Nos preparamos para ser fortes em qualquer lugar. Como poliglotas ao cantar em hebraico, cantamos quase sem entender a língua “da alma judaica”, e crianças, brincamos até em árabe se necessário…

As nossas crianças nascem bem humoradas e brincalhonas.

Jamais esqueço que um dia na nossa sinagoga à Rua da Abolição, antes do cerimonial dos “Cohanim” ouvi a conversa entre dois meninos em tom brincalhão “corra pois agora vai começar a sessão fantasma”...

Estou rindo até agora, décadas passadas, lembranças vivas!

SER JUDEU

Nada mais improvável de que somos dotados de valores transmitidos de pai para filho e que todas as crianças nascidas em berço de um lar judaico são nobres. O espelho que reflete o nosso pensar de corpo e alma, não mente jamais.

Certifiquem-se de uma MEZUZAH a cada porta do seu lar.

Sami Douek em 27 de novembro de 2024